Meu dilema particular. Meu paraíso e minha tentação pessoais. O telefone toca, já sei que é você. E meu coração acelera, mas devo atender? Claro que sim, penso comigo mesmo, ao mesmo tempo que reparo a tolice que vou fazer. Mesmo assim, atendo, dizendo um "Alô?" frouxo, cabisbaixo. Você me pergunta se está tudo bem, e está, como eu te digo. Me resta apenas me contentar com esta resposta e, eu mesmo, acreditar nela. Por que, no fundo, eu sei que não está tudo bem. Sei que vou ficar mal depois que você desligar o telefone. Mas tenho que ter minha dose diária de morfina. Por que, afinal, nada que eu fizer vai melhorar minha triste condição humana. Estou destinado à solidão, mas, por enquanto, reservo minha pouca reserva de erros, para errar com você. E vivo nessa inconstancia, sem saber ao certo se me elevo ao céu, ou se, com você, faço do inferno o paraíso.
